28.1.09

"...Trinta e oito! Trinta e nove! Quarenta! Fogo! "

Com vocês, mais uma imagem de Henri Montaut para o livro De la Terre à la Lune. Esta ilustra o momento do lançamento do projétil Lunar e dá uma ideia do poder de fogo daquele que era o maior canhão já construído em todos os tempos.



Trechos do texto de Jules Verne dão conta da importância que teve tal evento não só para os Estados Unidos, mas para todo o mundo:

Todos os povos da Terra ali tinham os seus representantes; todos os dialetos do Mundo se falavam ali ao mesmo tempo. Dir-se-ia a confusão das línguas, como nos tempos bíblicos da Torre de Babel. Ali, as diversas classes da sociedade americana confundiam-se numa igualdade absoluta.

Banqueiros, lavradores, marinheiros, moços de recados, plantadores de algodão, negociantes, barqueiros, magistrados, acotovelavam - se numa sem-cerimônia primitiva.


Será que o Barão de Mauá, sendo um dos principais investidores do projeto, também estava por lá, como um daqueles banqueiros citados entre os representantes de todos os povos da Terra? Provavelmente, sim, certo?

Mais um pouco de Jules Verne e o disparo do Columbiad, que, ao contrário do que nos acostumamos a ouvir nas missões espaciais da realidade, não foi precedido por uma contagem regressiva:

Faltavam apenas quarenta segundos para o momento da partida, e cada segundo parecia durar um século.
Ao vigésimo, houve um frêmito geral e ocorreu à multidão que os viajantes encerrados no projétil contavam também esses terríveis. segundos! Gritos isolados ouviram-se: - Trinta e cinco! Trinta e seis! Trinta e sete! Trinta e oito! Trinta e nove! Quarenta! Fogo! Imediatamente, Murchison, premindo o interruptor do aparelho, restabeleceu a ligação e lançou a faísca elétrica para o fundo do columbiad.
Uma detonação espantosa, inaudita, sobre-humana, de que nada poderia dar uma idéia, nem o ribombar do trovão, nem o estrondo das erupções, produziu-se instantaneamente, Um imenso feixe luminoso saiu das entranhas do solo como de uma cratera. A terra tremeu, e algumas pessoas mal puderam ver por instantes o projétil cortando vitoriosamente o ar por entre vapores chamejantes.
Era o dia primeiro de dezembro, Verne não deixou claro de que ano, só sabemos que a história do livro começa no ano anterior, pouco após o fim da Guerra Civil americana concluída em 1865. Provavelmente, o feito histórico aconteceu entre a publicação daquele livro e a de sua continuação direta, Autor de la Lune, de 1869, na qual finalmente os leitores ficaram sabendo do destino dos três viajantes, Impey Barbicane, Capitão Nicholl e Michel Ardan.
A noveleta "Cidade Phantástica" também se passa entre essas duas datas, ao mesmo tempo em que o mundo se preparava para testemunhar aquele feito histórico na Flórida.

Um comentário:

Leonardo Peixoto disse...

Falando em Cidade Phantástica , será que J Neil Gibson foi um dos financiadores do projeto ?