31.5.10

Vaporpunk virá no Fantasticon

No último post de 2009, este blog revelou com exclusividade a escalação da segunda coletânea com temática steampunk a ser lançada no Brasil no prazo de apenas um ano. Relembrem comigo:

A Vaporpunk é organizada por Gerson Lodi-Ribeiro (Brasil) e Luís Filipe Silva (Portugal). Deverá ter oito histórias, em sua maior parte noveletas, escritas por oito autores: cinco brasileiros mais  três portugueses.

Os brasileiros: Carlos Orsi Martinho; Eric Novello; Flávio Medeiros; Gerson Lodi-Ribeiro; e Octavio Aragão.


Os portugueses: João Ventura; Jorge Candeias; e Luís Filipe Silva (Nota de Update: leia-se Yves Robert no lugar do coeditor Luís Felipe Silva).

Atendendo à proposta das guidelines, a maioria das histórias se passa no Brasil ou em Portugal.

Havia faltado ainda confirmar uma data para que os brasileiros e portugueses pudessem ler o material. O editor da Draco, Erick Santos, me confirmou que o livro vai mesmo ser lançado durante a próxima Fantasticon, o simpósio anual de literatura fantástica que acontece na capital paulista. Este ano, o evento está marcado para os dias 27, 28 e 29 de agosto, na Biblioteca Viriato Correa, rua Sena Madureira, 298, na Vila Mariana. Mais do que isso, ele me autorizou a dar uma amostra do que os leitores vão poder encontrar nas 312 páginas de Vaporpunk. Com vocês, o primeiro parágrafo de "O dia da besta", noveleta do escritor Eric Novello, que mistura ambientação steamer com uma temática de fantasia urbana:

Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A mata densa e os ruídos noturnos alimentavam a imaginação dos soldados, já abalados pelo dia incomum. Há tempos os jardins não reuniam tantos homens de pernas bambas. Nenhum deles sabia ao certo o que a Guarda Imperial havia levado para o laboratório, e a maioria torcia para não ter que descobrir, rezando por um final de turno tranqüilo. As diversas histórias que corriam na cidade tinham em comum somente o teor de absurdo. Cada soldado, escravo ou comerciante mudava detalhes de modo a espelhar seus próprios temores. Estamos em guerra, uma guerra como nenhuma outra. Fomos atacados por criaturas de outro mundo, tão afastados que estamos da santa igreja. Só pode ser coisa da Argentina, uma nova tramóia daqueles invejosos. O que os bruxos uruguaios evocaram dessa vez? O medo exalava como o aroma das especiarias. O calor do alto verão não cedia há mais de um mês. Canelas, cravos e alecrins tão agradáveis separadamente enjoavam os homens já sem forças, o suor pingando-lhes da testa. A nota criativa dos pasquins de que os temperos disfarçavam o cheiro dos experimentos conduzidos no Centro de Pesquisa Pedro de Alcântara ganhara de repente uma estranha veracidade.

28.5.10

Um novo - e ilustrado - conto steampunk

Quando postei sobre a comenda que recebi do Monarca, escrevi que: "em breve uma outra novidade em relação ao Tiburcio será comentada por aqui, com direito a participação do protagonista da noveleta 'Cidade Phantástica', João Fumaça". Então, já posso comentar que, dias atrás, o ilustrador Tiburcio me mandou o desenho abaixo, e me convidou a escrever um conto baseado nele. Aceitei na hora e fiz em tempo recorde um novo conto protagonizado pelo personagem criado para a noveleta que dá nome a este blog. Em breve o texto completo vai ser enviado para uma nova publicação que está sendo produzida, para concorrer a um espaço nela. Mas como não queria deixar de mostrar a criação do meu caro ilustrador, aproveito para postar o desenho e o início do conto. Boa leitura!

Modelo B

Ruas do bairro Ponta de Areia, em Niterói, próximo ao estaleiro da cidade.





Eu sou um policial dos caminhos de ferro! Dos caminhos de ferro! Então o quê, em nome de Cristo, faço aqui, sacolejando nesta chaleira que se move por fora da confortável segurança dos trilhos? E correndo numa velocidade que nenhuma locomotiva do mundo seria capaz? Posso jurar que se o combustível na caldeira aqui atrás, a mesma que está esquentando minhas costas neste momento, fosse o suficiente, este monstro barulhento superaria uns bons cem, cento e dez quilômetros no decorrer de uma hora! Porém, evidentemente, nenhum ser humano suportaria ficar sentado nesta máquina de tortura por tanto tempo.

E a alavanca aqui, na minha mão esquerda, é o único jeito de controlar a velocidade. Quanto mais a forço para a frente, mais ela aciona engrenagens e válvulas liberando mais e mais a força do vapor para impulsionar o bólido. Pelo estalo seco e o tranco que fez da última vez, devo ter chegado ao máximo que ela suporta. E tenho que dosar a correria, apesar da urgência, a cada curva ou ladeira, do contrário, esta coisa pode virar e me esmagar com o seu peso. E isso não é a única coisa a ocupar minha atenção. Preciso me lembrar de manter esta outra barra, a da direita, firme. Quando ela gira para um lado ou para o outro, as rodas desta carruagem sem cavalos a acompanham. A cabeça de um homem não foi feita para se dividir nesta confusão de puxa para cima, empurra para o lado, mais rápido, para a direita... Isso é antinatural, por todos os diabos e demônios!

E quase atropelo um cachorro, se não desvio por cima da calçada, lá se ia o bicho!

Viajar fora de trilhos, nesta velocidade ensandecida, sacudindo os ossos numa rua de pedras soltas enquanto tenho que me lembrar como controlar um monstro de ferro ainda não chega a ser o pior. O pior mesmo é fazer isso tudo sem uma arma e tendo que me desviar das balas dos outros! Por isso eu volto a perguntar: o quê, em nome de Cristo, faço aqui, sacolejando nesta chaleira?

Continua.

27.5.10

Antologia reúne textos raros de Verne

A seção mais produtiva desde blog, já chegando quase às 30 postagens, é a que leva o nome de "Torre de Vigia", na qual busco compilar o material que sai em forma impressa ou eletrônica a respeito da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. Ela surgiu no dia 12 de julho do ano passado, quando identifiquei alguns dos primeiros divulgadores a comentar o lançamento do livro e, entre esses, para minha surpresa, o pioneiro foi um blogueiro português, admirador do trabalho de um certo escritor muito importante para minha noveleta presente naquela obra:

O primeiro que percebi a comentar a coletânea foi justamente um observador de outra margem do oceano. Frederico J., grande entusiasta de Jules Verne e responsável por um blog que reúne impressionante quantidade de informações sobre o autor francês, fez um post ressaltando a presença do meu conto e de sua influência verniana.

Não foi a única vez que mencionei nosso colega europeu por aqui. Pouco mais de um mês depois, escrevi sobre uma outra iniciativa dele:

O autor clássico de Ficção Científica favorito deste blog é homenageado periodicamente com uma ótima revista que leva seu nome. O melhor é que Mundo Verne conta com uma edição em português cortesia de uma equipe que inclui o já citado por aqui Frederico J.

Eis que Frederico Jácome - só vim a descobrir seu nome completo há pouco - volta a me surpreender, agora com mais uma publicação dedicada ao pai da ficção científica. Ele, em parceria com o carioca Carlos Patrício, reuniu em uma antologia disponível gratuitamente uma série de textos raros do escritor francês, entre crônicas científicas, estudos literários, declarações, discursos e até mesmo contos que ainda estavam inéditos em português. O volume, com impressionantes 372 páginas virtuais, pode ser lido na rede Scribd e seus organizadores anunciam que este é apenas o primeiro; outro tomo já está sendo editado. "Finalmente conseguimos concretizar um dos meus desejos", enfatizou Jácome no fórum onde revelou a boa nova. Sorte dos apreciadores de Jules Verne que ele conta com um divulgador tão incansável quanto seu ídolo foi em vida.

Update: Jácome me informou nos comentários que o material foi modificado e republicado neste endereço.

25.5.10

Torre de Vigia 27

Aquela primeira citação da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário no site da Locus Magazine teve repercussão no blog de Bruce Sterling. No dia 20 deste mês, o escritor americano reproduziu o texto de abertura de Jeff VanderMeer, que organizou um panorama da FC em mundo não-anglófono, e ainda as apresentações que Fábio Fernandes, um dos contistas do livro nacional, fez para a coletânea steamer e para o livro de história alternativa Xochiquetzal - Uma princesa asteca entre os incas, de Gerson Lodi-Ribeiro. É uma curiosa união entre a revista na qual o termo "steampunk" surgiu pela primeira vez e o autor responsável -ao lado de William Gibson - pelo romance considerado o inaugural do gênero.

O post de Bruce Sterling pode ser lido aqui e abaixo vou reproduzir a tradução que fiz do comentário de Fábio Fernandes a respeito da coletânea:

Steampunk—Histórias de Um Passado Extraordinário, editada por Gianpaolo Celli (Tarja Editorial) Esta é a primeira antologia brasileira de Steampunk, com nove histórias que variam do weird à ficção alternativa (brasileira e estrangeira) igualmente apresentando personagens de Jules Verne e de Conan Doyle. Há também uma história minha lá, uma versão de um conto publicado anteriormente em inglês, em 2009. O steampunk está crescendo rapidamente como uma subcultura no Brasil, e esta antologia tem merecido muitas resenhas em diversos blogs e sites steamers.

O Sul é Steampunk

Com o anúncio de uma nova loja do Conselho Steampunk no Sul do país, esta passa a ser a primeira região brasileira a contar com representações em todos os seus estados. Já havia a representante gaúcha e a mais recente do Paraná, e quem se une a elas neste momento é minha conterrânea de Santa Catarina. Ainda não conta com um site como as demais, porém pode ser acessada em redes sociais: por perfil no Twitter e por uma comunidade no Orkut. A imagem que ilustra esta nota de boas vindas é a mesma que foi escolhida para ilustrar ambos os avatares deles. Assim sendo, o Cidade Phantástica saúda mais essa iniciativa, será muito bom ver o vapor prosperar em terras catarinenses também!

Mais Spaceblooks 2

Saiu o terceiro relato sobre o debate steampunk durante o evento Spaceblooks. Após o texto dos participantes Alexandre Lancaster e Gerson Lodi-Ribeiro, agora foi a vez do escritor e designer Octavio Aragão, que dividiu a curadoria do ciclo de conversas com Toinho Castro. Pela resenha publicada em seu blog pessoal, este que foi o terceiro e último encontro desta primeira versão da iniciativa contou com alguns diferenciais em relação aos demais. Segue um páragrafo do texto, remetendo os leitores à íntegra aqui:

Essa talvez tenha sido a mesa onde o conceito de bate papo melhor funcionou, com os debatedores cedendo a palavra uns aos outros e tomando-a de volta eventualmente. Além disso, com certeza foi a mais bem sucedida no quesito “pescaria”, ou seja, aquele efeito que atrai o público incidental, que está ali para ver os livros, mas acaba gostando do papo e se aproxima para ouvir um poucochito, coroando o final da SpaceBlooks, que deixou a todos com gosto de quero mais e melhores mundos.

24.5.10

Uma comenda do Monarca

Já falei sobre o trabalho de Tiburcio por duas vezes neste blog. A primeira, quando comentei sua webtira Meu Monarca Favorito, foi no dia 19 de abril; a segunda, no dia 23 daquele mês, foi para apresentar a renovação no visual do Cidade Phantástica que ele proporcionou ao criar a colagem que pode ser vista no topo da página e no banner aqui ao lado. Bem, agora volto a falar desse ilustrador e quadrinista já que ele tornou pública uma verdadeira comenda que me foi concedida por aquele Monarca do século XIX que protagoniza suas histórias. Reproduzo o post a seguir, mas antes aviso que em breve uma outra novidade em relação ao Tiburcio será comentada por aqui, com direito a participação do protagonista da noveleta "Cidade Phantástica", João Fumaça. Ao texto, com meus agradecimentos:


Monarca gosta de presentear aqueles leitores que se propõem a ajudar na forma de sugestões, comentários e que divulgam a sua webcomic. Por isso alguns fãs e colaboradores desta HQ estão recebendo via correio esse bottom com o escudo do Império.
Para fazer juz a essa comenda basta ajudar também na divulgação do Monarca, que no tempo apropriado entraremos em contato solicitando seu endereço para o envio da mesma com os nosso agradecimentos! É a nossa forma de dizer muito obrigado!

AGRACIADOS:
André Lasak
Romeu Martins
Alexandre Nagado
Fábio Ciccone
Consuelo Froes da Cruz
Takren
Gui Branco
Wesley Samp

Gustavo Torreti
Regina Gonçalves
e
Erick Hartmann
A todos o nosso muito obrigado!


Mais Spaceblooks

O relato desta vez do debate sobre steampunk ocorrido na última quinta-feira no Rio de Janeiro coube a outro dos participantes da mesa-redonda: Gerson Lodi-Ribeiro, que está organizando a segunda coletânea do gênero a sair em nosso páis, a Vaporpunk. Extraio do blog do escritor e editor um trecho de sua crônica, lembrando que a íntegra pode ser lida aqui:


Convidados da Spaceblooks 3

Como já havia feito na segunda Spaceblooks, Octavio apresentou os três participantes da mesa e em seguida me passou a palavra. Enunciei brevemente o que o cânone considera steampunk, com direito a citações de St. Peter (Nicholls) em favor de O Homem-Elefante e O Jovem Sherlock Holmes, para em seguida me confessar um herege e apresentar minha própria visão subgênero menos restritiva que a ortodoxia pregada na Encyclopedia of Science Fiction, a Bíblia do gênero. Tendo procurado seguir minha própria exegese do subgênero, tanto no âmbito da antologia que estou organizando quanto fora dela.

Em seguida, Fausto Fawcett falou sobre as interseções entre as narrativas da ciência e tecnologia do passado e a tecnologia real do presente e do futuro próximo. Lutando para se entender com seu microfone, Lancaster falou sobre as edisonades norte-americanas escritas no século XIX e sua influência na FCB escrita no subgênero pulp no século XXI.

Encerrada a primeira fala dos três convidados, iniciamos um bate-bola sobre futurismo, criatividade, ficção científica, história alternativa e até mesmo um pouco de steampunk.

23.5.10

E por falar no Lancaster...

Alexandre Lancaster, como eu havia noticiado por aqui, participou na última quinta-feira de um evento que discutiu a cultura steam no Rio de Janeiro. Para relembrar, trecho do meu post do dia 15 de abril:

A livraria carioca Blooks prepara para o próximo mês um ciclo de debates sobre várias vertentes e mídias da FC, incluindo aí o subgênero steampunk. Iniciativa do escritor Octavio Aragão, um dos pioneiros do Brasil a escrever uma obra steamer, como falei neste post sobre o aniversário de Jules Verne, o Space Blooks - Ciclo de bate-papo sobre ficção científica vai reunir dez personalidades em três encontros, o último deles dedicado exclusivanente ao tema deste blog. Dois dos debatedores são escritores presentes na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, Fábio Fernandes e Alexandre Lancaster. 

O debatedor fez um relato de sua participação naquele evento no blog dedicado ao seu mangá steampunk em fase de produção Expresso!. Abaixo, vou citar uma parte do texto que pode ser lido por completo aqui:


Expresso!

Tive oportunidade de falar um pouco sobre minha história. E isso levantou dois pontos em especial que eu gostaria de recordar.

Vivemos em uma sociedade na qual somos enquadrados desde que nascemos; somos ensinados a nos mediocrizar. Eu tomei como ponto de partida, para minha série, um evento literário: o livro Steam Man of the Prairies de Edward S. Ellis (aliás, as revistas juvenis do século passado foram um manancial imenso para Expresso!). Poucas coisas são mais simbólicas do que um garoto anão e corcunda, vivendo na pobreza, construindo por conta própria um robô a vapor para buscar um tesouro.

Claro que Expresso! é antes de mais nada uma história de entretenimento. Não quero ficar passando sermão a ninguém – isso tornaria tudo muito, muito chato. No entanto, proatividade é um conceito muito importante para minha história e não é a toa que eu citei, na “capa” do biombo em que expus algumas páginas, duas citações: uma de Marinetti e outra, no segundo biombo, de Goethe (”… no princípio era a Ação!”). Não porque eu queira realmente trazer respeitabilidade haute-couture para minhas obras. Quem se sustenta não precisa de muletas. Mas eu acho que poucas vezes esse sentimento de iniciativa foi tão bem traduzido em palavras. Eu tive que recordar isso.

Expresso! acaba sendo realmente sobre a iniciativa própria e a força transformadora do indivíduo, a medida em que se trabalha com algum subtom confrontacional. Somos ensinados a nos adequar, e temos personagens que querem reescrever as regras do mundo. E quem ganha com a mediocrização – ou, pior ainda, aqueles para quem a proatividade incomoda porque levanta a bola da sua própria mediocridade por comparação – tende a reagir imediatamente.

Retrofuturismo oriental

Uma ótima notícia para este dia é a volta às atividades do site Maximum Cosmo, após semanas de atraso em suas atualizações devido a uma série de problemas técnicos enfretados por seu proprietário, o jornalista, quadrinista e escritor Alexandre "Lancaster" Soaraes. Um dos contistas presentes na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, com o texto "A música das esferas", noveleta mais pop do livro, ele também é um expert na cultura de massa nipônica, principalmente no que se trata na produção dos quadrinhos e das animações japonesas.

Para celebrar esse retorno, o blogueiro uniu essas duas pontas, e um dos artigos que ele produziu nas postagens deste domingo é justamente sobre como o steampunk se desenvolveu no Japão e passou a ser representado nessas mídias. Extenso, explicativo e muito bem pesquisado, "A revisitação neovitoriana made in Japan" é uma leitura mais que recomendada para quem gostaria de saber mais sobre como o gênero steamer é trabalhado em outras latitudes. Lancaster fornece uma lista e tanto de obras e de autores, juntamente com uma análise do porquê da popularidade deste tema no páis do sol nascente. Fiquem abaixo com a abertura do material, mas não deixem de ler a versão completa aqui:



Last Exile

É algo a se reparar: os japoneses sempre tiveram uma atracão por uma estética neovitoriana/ neoedwardiana, antes mesmo disso ser notado como tendência ao redor do mundo. Pode ser reparada em detalhes: trajes escolares, desde sempre, seguem ainda um molde de inspiração prussiana, abotoando tudo até o pescoço (tem almas pouco perspicazes que sentem inveja dos uniformes japoneses e acham nossos uniformes uma pobreza só, mas quero ver o que essas pessoas sem noção de realidade achariam de usar esses trajes pretos e abotoados aos 42 graus do verão carioca). O traje de marujo que as meninas usam na escola também é herança de época, remetendo aos velhos trajes para crianças do começo do século XX. Há um gosto para formalismos visuais em várias ocasiões sociais - e pensando bem, , o japonês tem um gosto pelo formalismo de modo geral; esse tipo de estética casa bem com esse tipo de atitude – vide a moda Lolita, além do culto a mordomos e empregadas uniformizadas, que também remetem a essa atracão pelo passado, embora esses trajes pareçam mais com as roupas das bonecas que ficavam nas prateleiras dos quartos das meninas de boa família da época do que dos trajes dessas meninas em si. Boa parte dos desenhos para meninas dos anos setenta parece beber das referências da literatura para moças de tempos idos – acha que haveria algo como Candy Candy sem a popularidade que autoras como L. M. Montgomery, Louisa May Alcott, Frances Hodgson Burnett e outras construíram ao longo de décadas por lá? Não torçam o nariz; não podemos falar nada: o clássico absoluto da demagogia declarada – Pollyanna, de Eleanor H. Porter – até hoje é enfronhado na nossa cultura popular, mesmo após décadas. Muitas vezes, o referencial que os japoneses parecem ter do velho mundo também parece não ter ido muito longe desses tempos idos, e como sabemos, o Japão é especialista em reprocessar e devolver em forma de cultura pop tudo o que lhes cai em mãos, sob novo filtro.

Não é de se espantar que em um momento aonde muito se fala do Steampunk como tendência, uma olhada mais atenta mostra que ele já era cultivado em terras nipônicas antes de ser nomeado como tal.

21.5.10

Um museu de velhas novidades

O excesso de chuvas na Grande Florianópolis - especificamente em cima do meu telhado, que não aguentou a pressão e me brindou com várias goteiras - e a dedicação a um novo conto steampunk - quando eu souber onde publicá-lo, darei um toque - me deixaram meio longe do blog nos últimos dias. Para ir voltando aos poucos, destaco abaixo um post da Loja Paraná do Conselho Steampunk que anuncia uma exposição de legítimos artigos steamers:
Damas e Cavalheiros,

durante nosso primeiro evento, faremos uma exposição de instrumentos antigos do início do sec. XX.


Já conseguimos 15 instrumentos dignos de nosso Museu Steampunk (microscópio, máquinas fotográficas, radiola, potenciômetro, galvanômetro, resistências, ponte de resistência, ferrite, testador de válvulas (com válvulas), esfera celeste, termômetro e copo antigo, fogão a querosene), todos pertencentes aos períodos de 1920 ou 1930 e estarão expostos para observação aos participantes steamers presentes.
Continue a leitura e veja mais fotos aqui.

16.5.10

O vapor na virada

Pelo jeito foi um evento e tanto. Nos próximos dias devem surgir relatos nos blogs e sites especializados sobre como foi a presença da Malta do Vapor na Virada Cultural de São Paulo. Vou citar abaixo a parte final de uma matéria do portal G1, que entrevistou e fotografou membros do Conselho Steampunk e ainda mencionou a coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário. A íntegra pode ser lida aqui:



É possível encontrar vikings barbudos, personagens de animês,
 senhoritas medievais e jogadores de RPG.É possível encontrar vikings barbudos, personagens de animês, senhoritas medievais e jogadores de RPG. (Foto: Raul Zito/G1)
Apesar de também terem uma inspiração histórica, os membros do Conselho Steampunk não se preocupam tanto com fidelidade histórica. O movimento foi fundado a partir do livro "The difference engine", dos escritores de ficção científica William Gibson e Bruce Sterling, que mostrava um mundo vitoriano onde a energia a vapor era muito mais evoluída do que o século XX histórico. Outra obra conhecida do estilo é "A liga extraordinária", quadrinho de Alan Moore que virou filme estrelado por Sean Connery.

"O movimento não é tão conhecido no Brasil, mas está crescendo bastante", conta Cândido Ruiz, fundador do Conselho. "A estética do steampunk impressiona, e a gente traz diferentes culturas: moda, artes plásticas, artesanato. A gente usa esse apelo para levar literatura às pessoas".

Em 2009, saiu uma coletânea de contos de autores brasileiros sobre o tema, e até o fim do ano deve sair a versão brasiliera de "The difference engine", pela editora Aleph. "Devemos fazer ainda este ano o nosso primeiro evento nacional", diz Ruiz. Se depender da variedade da Virada Nerd, esse não deve ser o único.

13.5.10

Torre de vigia 26 - Na Locus novamente

O que escrevi no dia 12 de março continua valendo:

Juro que não canso de me surpreender. Agora, a primeira coletânea brasileira steampunk acaba de surgir em uma nova lista internacional. Mas não é "mais uma" lista internacional. Por vários motivos. Primeiro, porque ela aparece no blog da Locus, uma das mais importantes revistas dedicadas à ficção científica em todo o mundo. Segundo, porque foi compilada por Jeff VanderMeer, escritor e organizador de coletâneas que se tornam referências obrigatórias no assunto. Terceiro, porque quem elaborou o segmento brasileiro da listagem - que contempla ainda o romance de História Alternativa Xochiquetzal - Uma princesa asteca entre os incas, de Gerson Lodi-Ribeiro, e a trilogia hard Padrões de Contato, de Jorge Luiz Calife - é Fábio Fernandes, também uma referência nacional, e cada vez mais internacional, nesta e em outras áreas.

Se já foi uma surpresa a coletânea ter aparecido no blog da Locus, agora a sensação é ainda maior ao constatar que o livro foi citado na própria edição impressa, em uma uma reportagem internacional sobre a ficção científica no Brasil, de maio deste ano. A autoria do texto é de um dos contistas presentes na obra e colunista do site Terra Magazine, Roberto de Sousa Causo. Na matéria de duas páginas, ele comenta sobre os diversos lançamentos de literatura fantástica nacional que ocorreram a partir da segunda metade de 2009. A coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário é citada no momento em que o correspondente fala a respeito do evento em que ela chegou ao público, a última edição do Fantasticon.

Causo relembra que o livro foi lançado logo após um painel que discutiu o gênero, que contou com a participação do organizador da obra, Gianpaolo Celli, do escritor Fábio Fernandes e do empresário Bruno Accioly, do Conselho Steampunk. Parte do grupo de debatedores aparece entre as várias fotos e reproduções de capas de livros que ilustram o artigo. Abaixo, seguem cópias das páginas da matéria. A revista pode ser adquirida pelo seu site. E minha surpresa continua.

Outras criações de Águia 1

Quando descobri o trabalho de Águia 1 no site Escala 1 Sexto não imaginei o quanto ele era prolífico em suas criações. Pesquisando mais no arquivo daquela página fui descobrindo outras criações com base retrofuturista que ele se utilizou em seus projetos. Uma delas é outra típica criação steampunk, chamada por seu criador de "A Mecânica":



No fórum, ele explicou que se baseou num personagem recorrente nesta linha de histórias e deu a ficha do material utilizado naquele projeto:

"Cabeça Cy Girl
Corpo Takara
Macacão Cy Girl
Capuz ... é de um russo não lembro
Martelo BBI
ferramentas
Botas Triad"

Mas não é apenas o mundo do vapor que inspira o homem. Aqui vai outra versão feminina para um personagem de filme, no caso, Capitão Sky e o Mundo do Amanhã, também de 2004, mas este um representante do subgênero dieselpunk.



Como de hábito, ele informou a lista de peças e acessórios empregados em sua Fly Captain:

"Corpo Perfect Body
Catsuit ZCGirl Carol
Botas Dragon Matilda (customizadas)
Jaqueta Tribute of Valor
Cachecol customizado
Quepe Dragon Luft.
Video radio Customizado
Lazer CyGirl Aurora"

E, para finalizar, outra mistura de épocas. Dessa vez, de um passado ainda mais remoto que os tempos vitorianos, e inspirado em um RPG chamado Hellgate, Águia 1 criou Joana 21, a versão contemporânea de Joana D'Arc (1412-1431).



Segundo suas informações no fórum, nesta figura ele utilizou:

"Corpo Cy Girl 2.0
Cabeça Triad toys Night Stalker
Armadura, espada e escudo Dragon da série Timeline
Botas cy cirl Cutei Honey
Macacão ojinfirmary
M-16 BBI
Cinto da Joana Dark"

Vou ficar atento a novas invenções desse Sillof brasileiro. Qualquer novidade, postarei por aqui.

Conheçam Lady Van Helsing

Comentei sobre o trabalho de um dos customizadores de figuras de ação do site Escala 1 Sexto em dois posts anteriores - este e aquele. Águia 1 volta a ser assunto aqui pois ele acabou de completar mais uma de suas criações com influência steampunk e postou fotografias dela no fórum daquele site. Como ele é o especialista local em figuras femininas, há cerca de dez anos colecionando e criando personagens neste segmento, não é surpresa que a novidade seja outra pequena dama do vapor. A surpresa fica por conta da inspiração mais recente desse morador de São Paulo.


Águia 1 deu o nome de Lady Van Helsing a seu novo projeto. A ideia foi, como fica claro na imagem acima, fazer uma versão feminina do personagem interpretado por Hugh Jackman no filme Van Helsing, de 2004.



Devo dizer que acho aquela obra pavorosa, apesar da ótima premissa original - utilizar o personagem criado por Bran Stoker (1847-1912) para o romance Drácula como um caçador de outros monstros que, a exemplo do vampiro, viraram filmes clássicos de horror. Mas gostei muito da recriação feita pelo brasileiro.



Ele detalhou o material utilizado em sua versão:

"Corpo e cabeça Perfect Body
Capote CyGirl
Calça customizada
Corpete customizado
Camisa da ZCWorld
Cinto BBI
Cachecol customizado
Botas Triad
Chapéu, não lembro foi muito tempo atrás
Crossbow ou besta da Sideshow"


E o ponto de partida para essa customização foi esta arma, a besta-metralhadora utilizada pelo personagem do filme, que foi lançada pela empresa Sideshow na adaptação oficial do longa-metragem para figura de ação. Certamente, prefiro a versão não-oficial de Águia 1.

12.5.10

Vai ter vapor na Virada 2

Havia falado da Virada Cultural de São Paulo dias atrás. Ontem e hoje recebi reiterados convites para participar do evento que vai mobilizar o próximo fim de semana da maior cidade do país. Por motivos muito alheios à minha vontade não poderei ir e nem sei dizer quando vou poder voltar a São Paulo. Porém, reproduzo a seguir o convite feito pelo editor Gianpaolo Celli, organizador da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, e deixo meus votos para que o evento seja tão produtivo quanto divertido a tantos quantos puderem ir. Boa festa!



Estou escrevendo para avisar que neste domingo, 16 de maio, nós da Tarja estaremos, a convite do Conselho Steampunk, participando da Virada Cultural 2010.
 
A partir das 9h da manhã estaremos no Stand 18, DIMENSÃO NERD, na Praça Roosevelt.
 
Durante o evento teremos:
  
No PALCO, das 10h às 11h – palestra sobre Historia Alternativa e Steampunk
 
Das 11h30 às 14h  – sessão de venda e autógrafos com os autores presentes.

A partir das 14h30 – Mesa de RPG multimídia de Castelo Falkenstein.
 
Aproveite seu domingo para saber o que há de novo no mercado, botar o papo em dia, rever velhos amigos e conhecer novos. Não perca! Contamos com sua presença.
 
Para mais informações: http://viradacultural.org/programacao

Fronteiras da fantasia

O título acima é o mesmo de uma série que o escritor, tradutor e roteirista Eric Novello vem desenvolvendo em seu blog pessoal. Na segunda e mais recente postagem, ele citou a este blog e a meu resenhista convidado logo abaixo, ao comentar sobre o livro Baronato de Shoah e o steampunk mais ligado à fantasia, no lugar dos costumeiros cenários de ficção científica. Seleciono trechos a seguir, lembrando que a íntegra pode ser lida aqui:

Terminei esses dias o copidesque de O Baronato de Shoah, de Roberto Vieira. O Zero (para os íntimos) anunciou a criação do livro passo a passo no twitter, chamando a atenção do público e da editora. Desde então, a história vem passando por um processo de reconstrução e amadurecimento, e eu entrei na etapa final. O Baronato une a estética steampunk, mais comumente relacionada à FC, com a ambientação da dark fantasy (a fantasia que não é fofinha cheia de fadas e elfos cintilantes). O Zero é de uma geração que viu os games evoluírem e levarem narrativas complexas ao mercado, apresentando clímaxes que competem de igual para igual com as produções Hollywoodianas. Como não poderia deixar de ser, sofre influência direta disso, mas de um jeito positivo (...)

O livro tem uma narrativa fragmentada que acompanha um pequeno grupo de heróis desde o colégio (uma escola que prepara guerreiros) até seus derradeiros destinos. A grande questão abordada é como um jovem se reposiciona diante da guerra, como ele redimensiona seus valores e o que ele faz quando o que quer é diferente do que a “sociedade” espera dele.

Se você se interessou pelo gênero (cada vez menos sub) Steampunk, um bom site de referência é o Cidade Phantástica, de Romeu Martins, com links para diversas fontes de informações. Quem tiver curiosidade sobre o Baronato de Shoah pode visitar o blog do autor Roberto Vieira. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2010.

Através do espelho

A caótica programação de filmes nas salas de cinema de Florianópolis me aprontou mais uma e me deixou sem poder ver uma das obras que eu mais aguardava nesta temporada: O mundo imaginário de Dr. Parnassus. Como o diretor Terry Gillian, ex-Monty Phyton, tem uma grande contribuição para o acervo visual do steampunk - desde que lançou em meados dos anos 80 Brazil, o filme - esse era um longa que eu planejava resenhar por aqui. Não deu para fazer isso pessoalmente, mas o escritor José Roberto Vieira, autor de Baronato de Shoah, aceitou meu convite para escrever sobre a obra. Segue o texto, com meus agradecimentos a ele.

Em uma época onde releituras, remakes, restarts e todos os demais “res” empesteiam nossos cinemas e a criatividade de Hollywood parece se esgotar a cada lançamento, surge um filme que se salva do modismo, apresentando um roteiro inédito, inteligente e capaz de conquistar o mais duro dos corações: The Imaginarium of Doctor Parnassus.

A mais nova película de Terry Gilliam é uma fantástica aventura na mente do Doutor que dá nome ao filme. Estrelado por não menos que Heath Ledger, Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrew no mesmo papel: Tony, um desmemoriado e provavelmente a figura mais carismática do filme.

Enganado pelo diabo, Parnassus tenta, de diversas formas, ser feliz e levar a vida normalmente, mesmo sendo um imortal com mais de mil anos. Acompanhado de sua bela filha Valentina; Anton, um menino de rua malabarista; e Percy, um anão, o “Mundo Imaginário do Doutor Parnassus” apresenta-se de cidade em cidade, como um circo itinerante e decadente cuja única atração é um espelho mágico, que, segundo dizem, é capaz de dar experiências incríveis àqueles que ousarem atravessá-lo.

E são essas experiências que são divididas com os espectadores, através de imagens fabulosas e um enredo totalmente bem amarrado e consistente, como só Gilliam consegue apresentar. Cada imagem, cada cor, é o símbolo de outra coisa, uma realidade existente em nosso mundo e incapaz de se revelar de outra forma – a não ser que tenha ajuda da imaginação.

Tudo, no fim das contas, é mais uma aposta feita entre Parnassus e o Diabo, que se parecem muito mais com amigos de longa data do que com rivais. Pessoas cujos pontos de vista foram alterados ao longo dos anos, e o sentido de “Bem” e “Mal” carecem de limites humanos e simples filosofia. Há certos momentos em que a plateia não sabe mais quem é quem, e se não fossem as aparências, ambos se confundiriam.

Vale lembrar, que é através do espelho, que vemos a última interpretação de Heath Ledger… e, infelizmente, nem a brilhante imaginação de Parnassus ou a astúcia macabra do Diabo são capazes de vencer a senhora da Foice.

11.5.10

E já que o assunto é arte...

... deixem-me pelo menos fazer o registro hoje - já que a perda de conexão ontem tornou isso impossível - da morte de um dos meus ídolos. Frank Frazetta morreu nesta segunda-feira, dia 10 de maio, aos 82 anos, deixando para trás um legado artístico que revolucionou a fantasia e a ficção científica. Se hoje há tamanho interesse por um subgênero como o steampunk, com tanta atenção pela parte estética, visual, muito se deve a pessoas como esse nova-iorquino, criador de mundos e responsável pela popularização de personagens como Conan, criação máxima de Robert E. Howard (1906-1936). Deixo vocês com o início do texto de André Forastieri dedicado a esse artista, publicado hoje de manhã em seu blog no portal R7:


Frank Frazetta era boa pinta como um ator coadjuvante em um policial noir - um italianinho do Brooklyn musculoso, topetudo, com um sorriso canastrão. Era bom no desenho e no baseball - chegou a ser chamado para os New York Giants.

Frank passou a vida dividido entre ser esportista e artista. Malhou a vida toda. Atingiu o melhor equilíbrio. Frank, morto ontem, foi um dos ilustradores mais influentes do século 20 - e suas criações exibem a explosão muscular de um atleta nato. 

Aos 16 anos, 1944, Frank estreou ilustrando quadrinhos. Na década seguinte faria de tudo um pouco, sempre aprendendo, sempre na melhor companhia. Foi, por nove anos, assistente de Al Capp em Ferdinando; publicou na EC Comics, editora dos melhores quadrinhos adultos do período; trabalhou com Harvey Kurtzman no clássico erótico da Playboy, Little Annie Fanny; desenhou de faroestes a Buck Rogers.

Smaller - Reprodução

Foi como ilustrador que deixaria sua maior marca. Primeiro, de pôsteres de cinema. Desenhou 15 pôsteres de 1965 a 1983, de O que é que há, Gatinha a A Festa do Monstro Maluco a Mad Max. Pagava bem melhor que quadrinhos - quatro, cinco mil dólares, o que Frazetta ganhava em um ano. 

Destructeur - Reprodução
  Barbarian - Reprodução
Mais importantes ainda foram suas capas de livro. A partir de 1966, Frazetta passou a ilustrar as capas da série Conan - e simplesmente reinventou a estética da literatura fantástica, disparando uma nova onda de interesse por fantasia e ficção científica e influenciando milhares de ilustradores pelo mundo afora.

Sem Frazetta não existiria a série em quadrinhos de Conan, muito menos os filmes. Suas capas para Tarzan fizeram o homem-macaco popular de novo; as ilustrações para a série John Carter of Mars, de Edgar Rice Burroughs, conectaram fantasia espacial com a nova geração dos 60 - do rock, das drogas, da contracultura.

Steampunk em imagens

Gabriela Barbosa da Loja Paraíba do Conselho Steampunk deu início a uma série de matérias a respeito de um dos aspectos que mais chama a atenção na cultura steamer: o apelo visual, a arte inspirada nas divagações retrofuturistas do gênero. Em seu primeiro artigo, ela escolheu um tema bastante incomum, como podem ler abaixo, no trecho inicial e nas primeiras imagens escolhidas por ela:


Não é difícil encontrar na internet novidades acerca do steampunk. Como gosto muito de arte, fico encantada quando encontro objetos criados dentro da estética steam.

Tendo acumulado muitos links e imagens, resolvi fazer uma série de publicações para divulgação desses artistas. Se você também é um desses e quer ver seu material aqui, deixe um comentário.
Hoje vamos nos dedicar aos insetos. Achou estranho?!

O artista multidisciplinar (como se autoclassifica) Mike Libby ao encontrar um besouro morto intacto e localizar um antigo relógio de pulso, pensou que o besouro era semelhante a um pequeno dispositivo mecânico, então resolveu juntar os dois. Dissecou o besouro e o equipou com peças de relógio, resultando numa linda escultura.


A partir daí, Libby criou o Insect Lab. Ele compra insetos reais de várias partes do mundo e faz o mesmo procedimento, com peças de relógio, máquinas de costura, de escrever, etc.

“Na ficção científica, os insetos são frequentemente apresentados como robôs. [...] De Cronos à Bússola de Ouro o inseto/protótipo de robô usado, reutilização e re-imaginado inúmeras vezes. “
“Na realidade, os engenheiros olham para o movimento dos insetos, o desing das asas entre outras características como inspiração para novas tecnologias”
“Essa hibridização entre insetos e tecnologia é onde o Insect Lab empresta. [...] O trabalho não tem intenção de funcionar, mas de insistir alegre e maliciosamente de que foi possível.” M.Libby
(Tradução livre de trechos retirados do .COM PROSA)


E não para por aí. Gabriela criou um espaço no Tumblr chamado Distopias Utópicas no qual também faz a compilação de arte steampunk. Por lá, ela comentou um pouco sobre o gênero e também falou da coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário:


Steampunk, ou Vapor Punk

Oriundo do CyberPunk, considerado inicialmente um subgênero da ficção científica, o Steampunk se passa numa realidade alternativa. Você já deve ter parado para pensar algum dia da sua vida: “se [isso] tivesse acontecido, como seria hoje?!”, não?!

Então, imagine que a Era Vitoriana tivessse continuado, que o século XIX tivesse sido um completo sucesso e sua cultura tivesse perpetuado! Um mundo com tecnologia movida a vapor! Isso é puro Steampunk (...)

No Brasil, o Steampunk cresce a passos largos. Em 2009 foi lançado pela Tarja o livro de contos Steampunk: Histórias de um Passado Extraordinário, agora em 2010 temos outra obra saindo que é O Baronato de Shoah. Além disso, o Conselho Steampunk está se mobilizando para que esse seja  Ano do Vapor
                                      

10.5.10

Steampunk feito no Brasil 5

Um de meus contos favoritos na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário é "A flor do estrume", do jornalista Antonio Luiz M. C. Costa, uma visão retrofuturista das ciências médicas em um Brasil que figura entre as potências do XIX. O universo daquela noveleta havia sido delineado por seu autor em uma edição da revista em que trabalha, a CartaCapital, na forma de um artigo na época em que se comemoravam os 500 anos do Descobrimento do Brasil. Aquele texto especulava o que poderia ter acontecido com nosso país caso Dom Sebastião (1554-1578) não houvesse desaparecido na cruzada que promoveu no Marrocos, deixando para trás não apenas o trono de Portugal vago, mas toda uma crise dinástica que levou a perda da independência do reino e ao início de um processo de decadência lusitano. Com o título de "Outros 500" o ensaio jornalístico é a origem tanto de "A flor do estrume" quanto de um novo texto que Costa acaba de publicar em seu livro virtual na rede social aoLimiar: "O Istmo do Doutor Moreira".

Novamente, o escritor deixou de lado o alvo preferencial dos autores steampunk - mecanismos movidos a vapor - para se voltar a avanços na área médica. O texto aqui, que havia sido publicado anteriormente nos documentos do jornalista na rede Scribd, é muito provavelmente a mais instigante especulação do tipo que já li. Ele imagina, naquele cenário de um Brasil muito mais avançado economica e cientificamente, o dilema do médico citado no título da história. Descendente de portugueses, católico, rico e conservador, Afonso Fialho Moreira (1719-1801) tornou-se conhecido no mundo inteiro por ter identificado, na década de 1760, os fatores sanguíneos A, B, AB e O, descobrindo os motivos por trás da incompatibilidade de transplantes e de transfusões entre pacientes. Por ironia, esse conhecimento o ajudaria a entender o quanto ele estava impotente para tratar sua filha mais nova, Maria Isabel de Almeida Moreira, chamada de Bebel pelos familiares, nascida em 1767, e portadora de uma rara e mortal forma de anemia congênita.

A única maneira que o doutor encontrou para poder ajudar sua filha foi a proposta de uma técnica revolucionária e que provocou reações de repúdio em boa parte da sociedade da época. Ele teria que encontrar algum voluntário disposto a se tornar uma espécie de xipófago artificial com Maria Isabel, compartilhando com ela, pernanentemente, o sistema sanguíneo, tornando-se assim um doador constante do fluido que a garota necessitava para sobreviver. Depois de dispensados vários voluntários, fenotipicamente mais semelhantes à paciente mas incopatíveis na genética, a única alternativa que se demonstrou viável foi o tipo mais improvável possível. Um jovem negro, pobre, muçulmano chamado Mamadu Baldé. Escrito na forma de um artigo de divulgação científica para uma publicação especializada - Revista História e Ciência, de julho de 1897, pela pesquisadora Ester Arias Carvalho -, é desta forma que a noveleta descreve o curioso procedimento:


Depois de uma semana de preparação, a operação foi realizada em 15 de dezembro de 1779. Não cabe esmiuçar aqui os pormenores. Basta dizer que os sistemas circulatórios dos dois adolescentes foram conectados por artérias dos antebraços, formando o que o doutor chamou de “istmo arterio-venoso radio-ulnar” e a imprensa de “istmo do doutor Moreira”. A ligação foi assegurada por placas e pinos de platina que prendiam solidamente os ossos do antebraço direito de Mamadu, que era canhoto, ao antebraço esquerdo de Bebel. Devido à fragilidade desta, a usou-se apenas anestesia local (cocaína).

O que se segue nas páginas seguintes dessa noveleta são os avanços secundários que tal operação médica causou na sociedade brasileira de fins do século XVIII. A união forçada dos dois jovens de culturas tão diferentes provocou uma rápida reforma nos sistemas religiosos e sociais do país, com algumas implicações políticas que atingem até mesmo as decisões tomadas pelo Imperador e inspiram correntes adversárias à monarquia. Provavelmente, seria mais fácil de acompanhar todo esse desenrolar paralelo ao cotidiano daquela dupla se o texto fosse acompanhado de material que descrevesse melhor os pontos de divergência e a linha do tempo adotada naquele universo. Para quem não conhece os bastidores de "Outros 500"  e de "A flor do estrume" pode ser bem mais difícil acompanhar algumas referências, por exemplo, aos métodos contraceptivos e sobre a identidade dos mandatários do Império. Mesmo assim, é um texto que vale a leitura, pela abordagem inusitada que faz dos avanços científicos e das consequências inesperadas que ele pode provocar.

9.5.10

Vitória, a mãe

Neste Dia das Mães, chamo a atenção para uma matéria da revista Aventuras na História a respeito da mulher e mãe mais famosa e influente do período em que costumam ser ambientadas a maior parte das narrativas steampunk. O artigo de Tiago Cordeiro é interessante por mostrar o quanto um avanço tecnológico muito importante para o momento do parto está, também, ligado a essa figura histórica. Os trechos abaixo ficam como uma homenagem deste blog à data. Bom domingo a todos.



Dos 81 anos que viveu, a rainha Vitória da Inglaterra (1819-1901) passou 6,5 deles grávida de nove filhos. Uma tortura para quem achava a gestação insuportável, sentia-se parecida com "uma vaca", temia o parto e achava os recém-nascidos feios. Educada em alemão e sem nunca conseguir falar inglês perfeitamente, a mulher de ar sisudo foi alvo de cinco atentados em seus primeiros anos de gestão. Apesar da antipatia de seu povo, em seus 63 anos de reinado (o mais longo do país) a Inglaterra tornou-se símbolo de prosperidade militar, industrial e política. Mas, apesar de tudo, Vitória foi mãe. No parto dos dois últimos herdeiros, ela conquistaria outro feito: o uso de uma técnica revolucionária de anestesia, contada por Gillian Gill em We Two - Victoria and Albert: Rulers, Partners, Rivals ("Nós dois - Vitória e Albert: governantes, parceiros, rivais", sem tradução em português).

No século 19, no entanto, sentir a dor do parto era fundamental. A explicação está na tradição cristã: depois de comer o fruto proibido, Eva recebe de Deus o aviso de que, como punição, passaria a "dar à luz em meio a dores" (Gênesis). O processo que a poetisa Sylvia Plath (1932-1963) chamaria de "longo e escuro corredor de dor, sem portas ou janelas" também era perigoso. A própria Vitória só havia se tornado rainha porque sua prima, a princesa Charlote (1796-1817), filha do rei Jorge IV (1762-1830) e herdeira do trono, morrera com hemorragia interna no terceiro parto.

"Técnicas de anestesia já eram testadas nos Estados Unidos e na Europa, mas eram consideradas arriscadas", afirma Donald Caton, médico da Universidade da Flórida.Vitória e o marido, o príncipe Albert (1819-1861), estavam interessados na anestesia por clorofórmio desde 1848. Para os nascimentos dos caçulas Leopoldo (1853) e Beatriz (1857), a monarca contratou o médico John Snow (1813-1858) e sua equipe. "Vossa majestade é uma paciente exemplar", Snow diria depois. Desde então, o avanço da anestesia para mães foi impressionante. Em 1920, por exemplo, o clorofórmio já era usado em 90% dos partos em países de língua inglesa e alemã (terra natal de Albert).

Suspiro antes da dor

De efeito rápido, o clorofórmio era o anestésico ideal à época


No parto
Usado pela primeira vez durante o parto em 1847, o clorofórmio ficou conhecido depois de ser usado na rainha em 1853. Ele foi aplicado quando ela já estava deitada em trabalho de parto.

Anestesia
Aplicado a cada 10 minutos sobre uma máscara de tecido, a substância inalada é absorvida pelo sangue e atua no sistema nervoso central.

Clorofórmio
Transparente, de cheiro forte e volátil, o produto foi descoberto em 1831. Seu uso pode causar arritmia e ataque cardíaco, além de parada respiratória.

8.5.10

Jóias da Coroa

Dia das Mães chegando e eu me dei conta de que ainda não havia falado neste blog de uma manifestação da cultura steamer que pode render presentes muito interessantes para elas. Falo de jóias e acessórios baseados no visual steampunk. Uma artista que se destaca nesta área - que já teve um perfil elaborado pelo site do Conselho Steampunk - é a paulista Naná Hayne. Ela possui um blog na rede social Steambook no qual se apresenta desta forma:


Formada em Comunicação Visual pela Universidade de Guarulhos em 1982, trabalhou nos setores da propaganda e publicidade, passando por marketing e sinalização.

Mais tarde voltou-se totalmente à pintura. Sempre preferiu técnicas mistas e, por vezes, algumas que desenvolveu.

Gosta de experimentar tudo o que tem disponível à sua volta e a consciência eco-ambiental sempre fez parte do seu sentir, pensar e agir.

Hoje realiza um trabalho original feito a partir de resíduos eletroeletrônicos, principalmente na confecção das TecnoJóias e TecnoArte, somado a estes, a nova paixão SteamPunk. 

Contudo, acredito que o melhor meio de apresentá-la aos frequentadores deste espaço seja exibindo alguns de seus trabalhos. Aproveito para desejar um bom final de semana e ótimo Dia das Mães a todos.




bracelete - placa de ci e peças de relógios
Bracelete - placa de ci e peças de relógios 
 

pulseira - peças de relógios
Pulseira - peças de relógios 

anel - peças de relógios e chip
Anel - peças de relógios e chip

brincos - peças de relógios e chip
Brincos - peças de relógios e chip

broche - peças de relógios
Broche - peças de relógios

peças de relógio e dorda de guitarra
Gargantilha - peças de relógios e corda de guitarra

7.5.10

Para ouvir em seu gramofone

Música não é exatamente a minha especialidade, tanto que costumo dizer que ela é a única forma de arte a te atacar pelas costas. Rabugices idiossincráticas à parte, essa é uma fonte de expressão importante da cultura steamer, tanto que há vários cantores e grupos que se identificam com a estética do neovitorianismo para inspirar suas criações. Coyote Gisa, em seu blog sediado na rede social Steambook, compilou uma lista bem fornida de representantes dessa tendência de misturar o vapor retrofuturista com acordes musicais. Reproduzo a seguir as indicações dela:



Abney Park
(Electronic/World/Pop)
Absinthe Drinkers, The (Post-Punk/Rock)
Agent Ribbons (Pop/Indie/Rock)
Arcade Fire, The (Indie/Rock/Acoustic/Symphonic)
Beat Circus (Acoustic/Circus)
Beats Antique (Electronic/Hip-Hop/Circus/World)
Beirut (Acoustic/Indie) <- apaixonante, uma das minhas preferidas
Bug (Electronic/Experimental/Symphonic)
Cabaret Decadance (Acoustic/Cabaret)
Clockwork Dolls, The (Electronic/Symphonic/Acoustic)
Clockwork Quartet, The (Acoustic/Indie/Musical Theater)
Cretins, The (Punk-Rock)
Crimson Muddle (Electronic/Coldwave)
Danny Elfman (Symphonic/Rock)
Darius Greene (Acoustic/Indie/Tin-Pan Alley)
DeVotchKa (Acoustic/Rock/Indie/Symphonic/Gypsy)
Decemberists (Acoustic/Indie/Rock)
Diablo Swing Orchestra (Metal/Swing) <- super recomendada
Dr. Steel (Hip-Hop/Electronic/Industrial)
Dresden Dolls, The (Cabaret/Acoustic) <- Super recomendada
Emilie Autumn (Electronic/Symphonic/Metal)
Extraordinary Contraptions, The (Rock/Indie)
Ez3kiel (Electronic/Experimental/Symphonic)
Fermata (Acoustic/Rock/Gypsy)
Flood of Rain (Symphonic/Acoustic/Electronic/Experimental)
Ghostfire (Rock/Indie)
Gogol Bordello (Rock/Acoustic/Gypsy)
Harlequin Jones (Acoustic/Cabaret)
Hellblinki Sextet, The (Acoustic/Rock/Cabaret/Gypsy)
Humanwine (Rock/Cabaret/Punk)
Imaginary Airship (Rock/Pop/Experimental)
In the Nursery (Symphonic/Electronic)
James Gang Experience, The (Hip-Hop/Acoustic/Tin-Pan Alley)
Jill Tracy (Cabaret/Acoustic/Symphonic)
Jim Strange with the Proud & the Damned (Rock/Acoustic)
Johnny Hollow (Rock/Electronic/Experimental/Symphonic)
Juke Baritone & The Swamp Dogs (Acoustic/Rock/Indie/Punk)
Kate Bush (Experimental/Acoustic/Electronic/Pop)
Katzenjammer Kabarett (Rock/Pop)
Lee Press-on and the Nails (Swing/Rock)
Legendary Shack Shakers, The (Rock/Punk/Americana)
Life’s Decay (Electronic/Experimental/Symphonic)
Life Towards Twilight (Electronic/Acoustic/Experimental)
Magnificent Seven, The (Cabaret/Acoustic/Rock)
Malice Mizer (Rock/Symphonic/Metal/Experimental)
Men That Will Not Be Blamed For Nothing, The (Acoustic/Punk/Experimental)
Mr. Joe Black (Cabaret/Acoustic)
Nouvelle Vague (Acoustic/Rock/Pop/Bossa Nova)
Paul Roland (Rock/Experimental/Electronic/Symphonic)
Peryls, The (Rock/Indie/Acoustic)
Rasputina (Electronic/Acoustic/Rock/Symphonic)
Real Tuesday Weld, The (Pop/Cabaret/Indie/Symphonic)
Revel Hotel (Experimental/Electronic)
Scarring Party, The (Acoustic/Rock)
Sixteen Horsepower (Rock/Americana/Punk/Acoustic)
Squirrel Nut Zippers (Dixie Jazz/Pop/Swing)
Strawfoot (Acoustic/Americana)
Sxip Shirey (Experimental)
Synthonym (Electronic/Symphonic)
Tenth Stage, The (Electronic/Rock/Symphonic)
This Way to the Egress (Cabaret/Acoustic/Indie)
Tiger Lillies (Experimental/Acoustic)
Tleilaxu Music Machine, The (Electronic/Cabaret/Experimental)
Tom Waits (Acoustic/Rock/Experimental)
Tragic Tantrum Cabaret (Cabaret/Acoustic)
Unextraordinary Gentlemen (Electronic/Symphonic/Experimental)
Unwoman (Symphonic/Electronic/Acoustic)
Vagabond Opera (Cabaret/Acoustic)
Vermillion Lies (Indie/Acoustic/Cabaret) <- muito boa também
Vernian Process (Rock/Electronic/Symphonic/Acoustic/Experimental)
Viral Millennium (Metal/Symphonic)
Voltaire (Indie/Gypsy/Pop/Acoustic/Symphonic)
Voodoo Organist (Acoustic/Rock)
Walter Sickert and the Army of Broken Toys (Experimental/Indie)
Widow’s Bane, The (Acoustic/Indie)
World Inferno Friendship Society (Swing/Rock/Pop/Indie)
Wovenhand (Acoustic/Experimental/Americana)

Não Catalogadas:
The Bonzo Dog Doo Dah Band.
The Temperance Seven.
Leon Redbone
The Penguine Cafe Orchestra.
Bellowhead.
The Inkspots.
Tiny Tim
The Singing Postman.
The Wurzles
The Pasadena Roof Orchestra.
Psalters
Cigarette Trees
Timbre
White Collar Sideshow
Zydepunks
mewithoutYou
The New Orleans Bingo Show

6.5.10

O lado fashion do gênero 2

Comentei sobre o site de moda Blind Media há poucos dias quando ele destacou a estética steampunk em uma matéria. A página agora comentou um acessório dentro do mesmo estilo que provalmente teria tornado minha experiência em assistir ao filme Alice, de Tim Burton bem mais interessante. Trecho abaixo, íntegra aqui:

Recentemente circulou na rede fotos de óculos 3D padrão RealD (o mesmo formato utilizado em filmes como Avatar e Alice) adaptados para a estética steampunk. Os acessórios são cria do designer Will Rockwell e levam materiais como couro e engrenagens e parafusos de metal. Ficaram estilosos, apesar de eu já ter visto coisas bem mais legais em termos de óculos steampunk. Mas o bacana desses é que foram montados tendo como base um óculos 3D de verdade, ou seja, dá para assistir filmes no cinema com eles. Arrisca? Fãs da estética steampunk não pensariam duas vezes. ;-)

Divulgação

E por falar em steampunk e matemática...

 ... fazendo uma conta simples você pode perceber que dá para economizar R$ 36 com esta promoção de livros da Tarja Editorial. Fica a dica.

Steampunk e a matemática

Minha amiga cibernética Giseli (com i) Ramos adora números. E o melhor é que ela sabe transformar esses entes abstratos em palavras. Em seu blog, por coincidência no dia do meu aniversário, ela já havia escrito sobre o quanto existe de matemática na arte de tocar sinos, uma lúdica aula sobre os mecanismos da permutação. Nesta última quarta-feira, ela voltou a associar a mãe de todas as ciências - e a mais pura de todas - ao tema deste blog, o que me dá a chance de voltar a citá-la por aqui. E nada melhor do que fazer isso hoje, que, como lembrou Carlos Orsi em seu blog, é o dia nacional dela, da matemática.

Desta vez, a CyberGi utilizou-se da teoria dos números para fazer o perfil de um dos elementos mais presentes e mais icônicos das histórias do punk a vapor: as engrenagens. Abaixo, seguem trechos do artigo "A base matemática dos mecanismos steampunk", no qual ela demonstra que o número de dentes, ou ranhuras, desses mecanismos não são nada aleatórios:


gears.0

Não sei se muitos de vocês sabem, mas por muito tempo, a base da computação era madeira, bronze, metal e latão. Peraí, como assim? Ábacos te dizem alguma coisa? =D

relógio astronômico de Praga

Antes de 1700 já tinham algumas calculadoras rudimentares feitas, à base de engrenagens metálicas. E o computador mais antigo já feito é o mecanismo de Antikythera, um impressionante mecanismo capaz de prever eclipses e órbitas planetárias, entre outras coisas.

E o que esses objetos e, digamos, as engrenagens vitorianas (tanto as reais como as das histórias ficcionais) têm em comum? As engrenagens… Você já parou para pensar em como os engenheiros calculavam os números de dentes necessários em cada roda para o melhor desempenho do sistema como um todo? Ou para que um dado mecanismo tenha a velocidade desejada?

É aí que entra a teoria dos números :D
Sabem aquelas série de livros do tipo A ciência de Star Wars ou Watchmen e a filosofia? Adoraria ler uma série de obras assinadas pela Gi, talvez em parceria com o Orsi, associando cultura pop e matemática. Tenho certeza de que seria um material de divulgação científica de primeira.

5.5.10

Vai mais um brinquedo steampunk aí? 2

E o Águia 1 não parou sua produção steam com Mademoiselle Cristinne. Aqui vai outra de suas criações, em um cartaz destacando o gênero, também postado naquele fórum do site Escala 1 Sexto..

Nesta produção, ele utilizou os seguintes materiais:
Corpo e Cabeça Cy Girl 1.0 ( uma das “primeiras” a serem lançadas)
Botas Super Toys
Blusa e saia da OIJ Infirmary
Braceletes Triad
Óculos ZCGirl
Todo o resto foi customizado.

Vai mais um brinquedo steampunk aí?

Gostei tanto daqueles bonecos articulados do Sillof que postei por aqui que resolvi caçar algum brasileiro que também fizesse customização de brinquedos para dar a eles aparência baseada no steampunk. Encontrei um ótimo representante nacional em um site chamado Escala 1 Sexto. Deem uma olhada neste modelo postado em um fórum do site.

Mademoiselle Cristinne foi criada pelo usuário que se identifica como Águia 1. Ele escreveu que sua inspiração veio de filmes a que assistiu, como Brazil, de Terry Gillian: "O estilo steampunk me chamou muito a atenção. Depois de muitos filmes e animes, pesquisei sobre este estilo que sacrifica a 'funcionalidade' pelo impacto visual, e pelo que sei já é até uma 'tribo'. Decidi, então produzir uma figura neste estilo em minha coleção".


Ele apresentou ainda a lista das peças utilizadas em sua criação:
Corpo e cabeça. Pefect Body
Jaqueta Ebay
Roupa customizada
Revolver: Guerra de Secessão americana
Luvas da Bbi
Botas Triad
Polainas customizadas


Quanto à arma, que bem poderia ser o rifle Guarany, que aparece na noveleta "Cidade Phantástica", sua origem foi explicada assim: "Rifle customizado de uma peça da era napoleônica, acrescida com a junção de duas miras russas, originando uma longa. Mais alguns tubos."

4.5.10

Torre de Vigia 25

Dica do editor Richard Diegues no Twitter: mais uma citação à coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário em um blog especializado em ficção científica. Desta vez, o espaço foi no Sci Fi do Brasil. Na primeira parte de um artigo sobre livros de FC nacionais, João Guedes listou a obra ao lado de uma outra coletânea, chamada Invasão. Abaixo, segue a abertura do texto e o comentário sobre o livro steamer. A íntegra, pode ser acessada por aqui.

Este é um tema sobre o qual queria escrever há muito tempo para uma platéia qualificada como a do Sci Fi do Brasil. A FC Brasileira é muito desprezada pelo mercado editorial, se na estrangeira, que vem já pré testada no mercado, já é difícil de encontrar bons títulos novos, imagine a nossa. Mas há autores de excelente qualidade surgindo e com um público editorial e leitor refratário.

Jorge Luis Calife é um dos autores mais conhecido de hard sci-fi (Trilogia Padrões de Contato), depois vem Bráulio Tavares e, recentemente, Roberto de Sousa Causo fazendo uma sci-fi mais no estilo Arthur C. Clarke e Isaac Asimov, onde a tecnologia é mais pano de fundo. Então começarei apresentando algumas coletâneas de contos Brasileiros que são de 1ª Qualidade (...)

Steampunk: Recentemente tomei conhecimento deste movimento, que traz uma idéia muito interessante: colocar as histórias no século XIX com toda a tecnologia emergente. Este movimento não se restringe à literatura, mas espalha-se para o RPG (REINOS DE FERRO) e chega mesmo a, no exterior, fazer a customização de micros para a era Vitoriana. Cheguei a ver alguns e me encantei. De fato, por que não podemos ter as coisas mais caprichadas no acabamento como naquela época? Não se trata de abandonar uma tecnologia em detrimento de outra, mas de querer algo menos asséptico e mais agradável aos olhos.

Em matéria de livros a Tarja Editorial lançou uma coletânea chamada Steampunk – Histórias de um Passado Extraordinário. Surpreendente a qualidade das histórias. Também é um livro curto, 184 pg, que dá para ler num fim de semana e deixa o “gostinho de quero mais”. Todo o fundamento científico está explicado e muito foi bebido na fonte de Julio Verne. Isto não é um demérito, mas uma referência de qualidade.

Ficha técnica:
Autor: Vários Autores – Org. Gianpaolo Celli
Páginas: 184
ISBN: 978-85-61541-14-9
Formato: 14×21cm
Ano: 2009