23.5.10

E por falar no Lancaster...

Alexandre Lancaster, como eu havia noticiado por aqui, participou na última quinta-feira de um evento que discutiu a cultura steam no Rio de Janeiro. Para relembrar, trecho do meu post do dia 15 de abril:

A livraria carioca Blooks prepara para o próximo mês um ciclo de debates sobre várias vertentes e mídias da FC, incluindo aí o subgênero steampunk. Iniciativa do escritor Octavio Aragão, um dos pioneiros do Brasil a escrever uma obra steamer, como falei neste post sobre o aniversário de Jules Verne, o Space Blooks - Ciclo de bate-papo sobre ficção científica vai reunir dez personalidades em três encontros, o último deles dedicado exclusivanente ao tema deste blog. Dois dos debatedores são escritores presentes na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário, Fábio Fernandes e Alexandre Lancaster. 

O debatedor fez um relato de sua participação naquele evento no blog dedicado ao seu mangá steampunk em fase de produção Expresso!. Abaixo, vou citar uma parte do texto que pode ser lido por completo aqui:


Expresso!

Tive oportunidade de falar um pouco sobre minha história. E isso levantou dois pontos em especial que eu gostaria de recordar.

Vivemos em uma sociedade na qual somos enquadrados desde que nascemos; somos ensinados a nos mediocrizar. Eu tomei como ponto de partida, para minha série, um evento literário: o livro Steam Man of the Prairies de Edward S. Ellis (aliás, as revistas juvenis do século passado foram um manancial imenso para Expresso!). Poucas coisas são mais simbólicas do que um garoto anão e corcunda, vivendo na pobreza, construindo por conta própria um robô a vapor para buscar um tesouro.

Claro que Expresso! é antes de mais nada uma história de entretenimento. Não quero ficar passando sermão a ninguém – isso tornaria tudo muito, muito chato. No entanto, proatividade é um conceito muito importante para minha história e não é a toa que eu citei, na “capa” do biombo em que expus algumas páginas, duas citações: uma de Marinetti e outra, no segundo biombo, de Goethe (”… no princípio era a Ação!”). Não porque eu queira realmente trazer respeitabilidade haute-couture para minhas obras. Quem se sustenta não precisa de muletas. Mas eu acho que poucas vezes esse sentimento de iniciativa foi tão bem traduzido em palavras. Eu tive que recordar isso.

Expresso! acaba sendo realmente sobre a iniciativa própria e a força transformadora do indivíduo, a medida em que se trabalha com algum subtom confrontacional. Somos ensinados a nos adequar, e temos personagens que querem reescrever as regras do mundo. E quem ganha com a mediocrização – ou, pior ainda, aqueles para quem a proatividade incomoda porque levanta a bola da sua própria mediocridade por comparação – tende a reagir imediatamente.

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