17.7.12

Sherlock Begins 2

No segundo livro da série O Jovem Sherlock Holmes é fácil perceber que seu autor planeja mesmo consolidar uma fórmula em sua interpretação para os anos de formação do personagem criado por Conan Doyle. O também inglês Andrew Lane em Parasita Vermelho retoma os itens lançados no livro anterior, igualmente lançado no Brasil pela editora Intrínseca e resenhado aqui. Basicamente o escritor procura mostrar eventos definidores que despertam o interesse do futuro Grande Detetive enquanto o lança em aventuras cheias de ação durante a adolescência. Nesta oportunidade, temos a chance de assistir aos primeiros acordes que ele tira de um violino, durante uma travessia de navio a vapor entre Inglaterra e os Estados Unidos, acompanhado de seu tutor americano e da filha dele, Amyus e Virginia Crowe, na tentativa de resgatar o primeiro grande amigo do garoto, um pré-Watson chamado Matty Arnatt.

Nas cenas de aprendizagem de Holmes estão os melhores momentos da série. O ponto alto mesmo é quando o rapaz, aos 14 anos, tem que lidar com fato de que algumas de suas ações são diretamente responsáveis pela morte de outras pessoas, uma lição aprendida bem cedo por ele. O ambiente em que se dá tal lição na prática é a sala da caldeira do navio transatlântico em que eles viajam, que ganha ares de uma verdadeira locação do inferno na descrição hábil de Lane. É a melhor passagem da série até o momento, superando tudo o que foi visto em Nuvem da Morte, o tomo anterior, e dando uma boa expectativa em relação a Gelo Negro, a continuação já anunciada e com direito a prévia nas páginas finais deste volume.

Agora, os problemas em tal fórmula persistem. Novamente o plano do vilão da vez é algo esdrúxulo além da conta (por sinal, como no romance anterior, o autor voltou a caprichar nas esquisitices físicas e psicológicas do principal antagonista). O tutor de Holmes também persiste nas páginas do novo livro como um ótimo professor teórico, mas uma negação na prática, restando ao aluno a totalidade das ações que fazem a trama seguir em frente, sem uma assistência a altura do adulto que Mycroft deixou responsável por seu irmão caçula. Algumas dessas ações de Holmes acabam resultando em algo bem inverossímil, mais adequadas às necessidades do autor, deixando um ar meio forçado no enredo. Fruto da verdadeira overdose de cliffhangers que abundam a cada virada de capítulo, sempre tendo o jovem Sherlock como protagonista, eclipsando todo o elenco secundário.

Ainda assim, é uma série que está valendo a pena acompanhar e que, não à toa, recebeu autorização oficial dos herdeiros para narrar essa fase da vida do personagem que não foi explorada por seu criador originalmente. Ainda esta semana deverá sair uma nova resenha minha de um outro romance que também foi  agraciado com tal honraria: A Casa da Seda. Mas o livro de Anthony Horowitz foca na fase madura do detetive consultor de Baker Street. Em breve divulgo o texto por aqui.


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